CRÓNICA DA MARATONA
DAS PRAIAS DO OESTE
Reza a história que
foram as irregularidades do relevo das terras do Oeste que travaram o avanço
das tropas de Napoleão e que permitiram aos lusitanos montar a sua impiedosa
defesa, através das célebres Linhas de Torres, pondo fim às intenções dos
invasores de derrubarem a soberania da nação Lusa, no século XIX.
Cerca de dois séculos
depois, no passado dia 26 de Maio de 2013, vinte destemidos bttistas quiseram
demonstrar aos gauleses como deveriam tê-lo feito, montados em cima de vinte
imponentes bykes.
Pelas 05 da manhã
daquele dia, à exceção do Moukista Descuidado Tiago, já todos nós, bravos
Moukistas, tínhamos saltado da cama, ansiosos para enfrentarmos a grande
Maratona das Praias do Oeste, composta por cerca de 90 Km, entre Torres Vedras
e o Cacém.
A primeira etapa do
percurso teve início às 06, no Largo da República, no Cacém rumo à Estação de
Comboios de Mira Sintra-Meleças.
A confiança reinava no
nosso espírito de guerreiro Moukista. A quem, nem o forte e gelado vento que se
fazia sentir, nem o teimoso Pica que não nos queria transportar para Torres
Vedras, conseguiram contrariar a ambição de trilharmos os paradisíacos caminhos
das Praias do Oeste.
Foi por volta das 07 e
meia da manhã que, finalmente, o comboio chegou à Estação de Torres, carregadinho
de bykes e de Moukistas. Esperava-nos o Rui que logo se integrou no pelotão.
Antes de ser dado o
sinal para a partida, despejámos os depósitos de líquidos abdominais,
verificámos o estado das máquinas, calçámos as luvas, enfiámos os capacetes,
baixámos os óculos e colocámos as bicicletas na linha de partida para a grande
maratona.
O apito para a partida
soava finalmente. Da estação arrancámos e após um ou dois quilómetros a
biciclar pelas ruas da Cidade, chegámos ao monumento em honra de Joaquim
Agostinho, o maior ciclista português de todos os tempos, onde tirámos o
primeiro retrato de grupo do dia.
Da rotunda onde se
encontrava o monumento, saímos em direção à margem do Rio Sizandro, ao longo do
qual, moukociclámos durante vinte quilómetros, a um ritmo bastante razoável até
ao Oceano Atlântico.
Após a primeira
contemplação da magnífica paisagem da Praia da Foz do Sizando, efetuámos uma
pequena paragem, para ingestão de alguns alimentos energéticos e tomar um café
(não confundir com cafezinho) numa pequena roulotte estacionada junto à praia.
Terminado o coffe brake, chegou a altura de nos fazermos aos trilhos em direção à Ericeira, onde
as bifanas e as loiras esperavam por nós.
O Mouksita GPS,
Carvalho, impôs a sua cadência ao pelotão por estradões, singletracks, dunas e
rochas e guiou-nos por Ribeira de Pedrulhos; Bordilheira, Casal dos Coxos,
Porto do Rio e por Bececarias. Levou-nos também a conhecer Cabanelas, Assenta,
Porto da Azenha, S. Lourenço. E ainda nos conduziu com as burras à mão pelo
magnífico areal da Praia do Coxos.
Após 45 quilómetros e
com os ponteiros do relógio a indicar 11 e meia, chegamos à Ericeira. Depois de
mais uma foto de grupo para memória futura e de termos enchido os bidões de
água no hospitaleiro Posto da GNR, abancámos os traseiros doridos na esplanada
da simpática Tasquinha do Joy, onde podemos relaxar e comtemplar,
tranquilamente, as ondas do mar a rebentar na praia.
A encomenda já tinha
sido feita antecipadamente e por essa razão, as bifanas e as loiras não
demoraram a ser servidas. Com os estômagos famintos, os bttistas nem tiveram
tempo para piscar os olhos enquanto as devoravam.
Contundo, aqui há que
fazer uma chamada de atenção ao Sr. Presidente da Moucabtt. Devem ser
adicionadas coimas ao regulamento do Clube para quem ingere bebidas, tais como,
colas, ice-teas e outros refrigerantes. Estes atos de extrema mariquice devem
ser banidos dos convívios Moukistas.
Findo o repasto,
chegou a hora de voltar para cima das burras e concluirmos o trajeto final, da
Ericeira ao Cacém.
Soava a primeira badalada
da tarde quando galgámos para o selim. Demos então início a meia dúzia de
quilómetros que nos conduziram à Foz do Rio Lizandro. Virámos as costas ao
Oceano e embrenhámo-nos terra a dentro, sempre com a companhia daquele
simpático rio.
Forçados a atravessar
por duas vezes o rio, a dar boleia a algumas silvas que nos cruzavam o caminho
e a subir e a descer pequenos montes, percorremos longos e sinuosos quilómetros
até atingirmos a base da grande escalada à localidade de Arnés.
Embora com o desgaste
físico provocado por 70 e muitos quilómetros pedalados, as forças dos
guerreiros Moukistas renovaram-se assim que atingiram o topo da escalada e ao
longe vislumbraram a Serra de Sintra e na sua base a localidade do Cacém, onde
estava instalada a meta da maratona.
Percorremos o último
percurso a todo o gás. Passamos por Fervença, Algueirão e Meleças até que por
fim demos entrada na reta da meta em pleno Largo da República no Cacém.
Eram sensivelmente 16
horas quando cruzámos a linha de meta. O aparelho GPS assinalava 85 quilómetros
percorridos e 1025 metros acumulados de subida. O objetivo tinha sido
alcançado. Se as tropas de Napoleão fossem vivas naquela altura, teriam morrido
de inveja, pela forma como os audazes Moukistas foram capazes de atravessar as
linhas de Torres rumo à entrada de Lisboa.
O Clube Moucabtt está
uma vez mais de parabéns por, através dos seus sócios Carvalho, Pires e
Cardoso, terem conseguido planear, organizar e levar a cabo uma excelente
maratona através das Praias do Oeste, entre Torres e o Cacém. Tendo
proporcionado a todos quantos participaram um excelente momento de convívio,
entreajuda e de reforço dos laços de amizade.